Atividades do eixo Mercado de Trabalho
00h00 até 01h00 - Palestra: Regulamentação de clínicas, salas e consultórios de estética
01h10 até 02h10 - Palestra: Profissionalização do setor magistral
02h20 até 03h20 - Mesa-redonda: Mercado de Trabalho em Radiofarmácia
04h30 até 06h00 - Mesa-redonda: Substâncias proscritas destinadas a uso em medicamentos dinamizados
06h10 até 07h10 - Palestra: Conheça a Antroposofia e entenda as diferenças para os fitoterápicos e homeopáticos
07h20 até 08h50 - Mesa-redonda: Controle de qualidade de fitoterápicos (indústria e manipulação)
09h00 até 10h00 - Palestra: Atuação do farmacêutico no pós-pandemia
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Palestra: Regulamentação de clínicas, salas e consultórios de estética
1. Técnico de estética habilita?
O técnico de estética segue outra legislação, a Lei 13.643/2018
2. A Resolução do CFF 573/13 foi suspensa e acabamos perdendo o direito de atuar em algumas áreas. Existe a possibilidade de perdermos o direito de atuarmos procedimentos que hoje estão liberados para nós? Será que podem suspender nossa atuação na área de estética?
Sugiro que verifique com o CRF da sua região sobre esse assunto.
3. Gostaria de saber se posso ter uma sala dentro do salão de cabelereiro para trabalhar com Tricologia e terapia capilar? Posso fazer mesoterapia e Microagulhamento?
Sim, desde que o salão de beleza tenha o CNAE da estética e tenha toda documentação sanitária que mencionei na palestra. Além disso, a sala da estética precisa ser totalmente separada e atender os requisitos técnicos.
Mesa-redonda: Profissionalização do setor magistral
1. Qual a orientação a respeito do horário do treinamento? Ele pode ser feito fora do horário de trabalho do colaborador?
Pode ser no horário de trabalho desde que haja equipe para revezar, sabemos que não dá pra fechar.
Também é possível fazer antes ou depois do horário, treinamentos rápidos de 30 a 40 minutos, e depois montar escala de banco de horas pra entrar mais tarde, por exemplo, cada um num dia para não atrapalhar o funcionamento do estabelecimento.
Sugiro criar uma rotina, toda sexta de manhã é dia de treinamento e cumprir...ambientalista, faz um café simples para o evento, coloca uma música, torne atrativo o ato de treinar...
Mesa-redonda: Mercado de trabalho em radiofarmácia
1. Eu gostaria de maiores informações a respeito do ingresso em cursos
Para atuação em Radiofarmácia temos cursos de capacitação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado e doutorado. Esses cursos apresentam propostas diferentes, mas todos tem conteúdo suficiente para a formação em Radiofarmácia.
2. Tenho dúvida quanto as opções de capacitação na área, se é através de especialização ou mestrado e doutorado??
Instituições que oferecem formação gratuita são os centros da CNEN, o Inca e algumas universidades (FM/USP, UFMG). Instituições que oferecem cursos pagos são o Einstein e a Racine.
3. Qual o perigo da exposição aos agentes quimicos, biológicos, radioativos, etc para o farmacêutico e para os profissionais da radiofarmácia?
O trabalho em Radiofarmácia envolve exposição à radiação ionizante. A exposição é controlada por dosímetros e deve estar em concordância com as diretrizes básicas de proteção radiológica que determinam que a exposição deve ser tão baixa quanto razoavelmente exequível. O objetivo é não sofrer efeitos determinísticos da radiação e reduzir os riscos dos efeitos estocásticos.
Mesa-redonda: Controle de qualidade de fitoterápicos (indústria e manipulação)
1 "Tendo em vista esses problemas, é seguro e eficaz fazer o uso de fitoterápicos?"
Luis Marques: Na minha visão não é nem seguro nem eficaz usar fitoterápicos principalmente na área magistral. Na área industrial utilizar de empresas renomadas e sempre ficando alerta para ineficácia ou reações adversas.
Laerte: Sim, é seguro e eficaz, porém, desde que você tenha certeza de que o fitoterápico passou por testes de controle de qualidade que tenham comprovado sua autenticidade, pureza e integridade. Caso contrário, corre-se o risco de ingestão de fitoterápicos sem segurança e eficácia em função das adulterações que, infelizmente, são frequentes. Minha grande preocupação com relação as adulterações é o fato de que, em alguns casos, não se sabe o que os pacientes estão ingerindo e isso é extremamente grave porque afeta a segurança do consumidor.
Nesse caso, duas perguntas são importantes:
1. O que está sendo consumido se o produto não corresponde a espécie considerada segura e eficaz?
2. Quais serão os efeitos colaterais/adversos oriundo da ingestão desse produto "verde" desconhecido?
Não podemos ser ingênuos e acreditar que tudo o que está descrito em um Certificado de Análise seja verdadeiro e isso não se limita somente aos produtos fitoterápicos. Não deveria ser dessa forma, porém, essa é a realidade. Em um papel, podemos escrever o que quisermos, por isso é imprescindível a realização de ensaios de controle de qualidade que permitam confirmar/validar os resultados expressos nesse certificado. Como conclusão, podemos dizer que existem sim fitoterápicos seguros e eficazes no mercado e que, nosso papel como farmacêuticos, é o de orientar os consumidores a adquirirem produtos devidamente registrados junto a Anvisa e/ou utilizar produtos de empresas idôneas e com tradição nessa área.
2. "Quais ensaios deveríamos incluir no controle de qualidade em farmácia de manipulação?"
Luis Marques: Basicamente o roteiro farmacognóstico clássico, envolvendo identidade (p.ex. por CCD), pureza (cinzas, umidade, microbiológico) e os testes qualitativos para as classes (taninos, flavonoides, etc.) e o doseamento do marcador ou da classe principal.
Laerte: Sabemos que as farmácias de manipulação não possuem estrutura robusta para a realização de controle de qualidade e que as exigências da legislação são extremamente permissivas em se tratando de fitoterápicos. Entretanto, existem ensaios mais simples que podem ser conduzidos nas farmácias de manipulação como, por exemplo, ensaios de identificação por testes colorimétricos e por cromatografia em camada delgada. Esses testes estão descritos na grande maioria das farmacopeias e não exigem grandes investimentos em tecnologias para serem executados. Requem sim, mão de obra especializada. Ensaios como os de teor e microbiológicos podem ser terceirizados com prestadores de serviços idôneos. As farmácias podem realizar esses ensaios através da formação de grupos para reduzirem custos.
Podem realizar programas de qualificação de fornecedores e compartilhar custos. Para isso, basta ter iniciativa e buscar os parceiros corretos.
Infelizmente, também existem fornecedores de serviços analíticos que não são tão idôneos nessa área e, nesse sentido, a escolha do parceiro adequado é fundamente. Com certeza, isso não se fara tendo como único critério "o menor custo analítico". Outros fatores mais importantes devem ser considerados, pois controle de qualidade de fitoterápicos, em função de sua complexidade, não é barato e precisa de mão de obra qualificada.
3. "Professor, essas questões de inadequação na qualidade dos insumos não estariam relacionados a uma falta de padronização, como por exemplo uma certificação internacional que poderia se enquadrar em nossa legislação?"
Luis Marques: Há todo tipo de problema, com vários casos nos quais falta a padronização (ex. faseolamina) e em outros há tais padronizações (ex. ginkgo biloba, alcachofra) mas tais não são cumpridas nem fiscalizadas, conforme indiquei na aula.
Laerte: Não penso ser essa a razão da má qualidade dos IFAV´s. A grande maioria deles são padronizados e apresentam Certificados de Análise. O que ocorre é a falta de ética de alguns fornecedores que comercializam produtos adulterados e assinam um certificado de Qualidade igualmente adulterado.
Nesse ponto demos nos perguntar: porque esse tipo de fornecedor permanece no mercado?
A resposta é bem simples. É porque eles tem demanda, ou seja, alguém compra os produtos adulterados e aprova e, dessa forma, o ciclo vicioso é alimentado. No momento em que esse ciclo for interrompido e quem compra decidir exigir qualidade, esse ciclo será quebrado. Acredito que o start para esse tipo de atitude por parte dos compradores pode vir através de uma harmonização entre as legislações nacionais que regem a qualidade dos fitoterápicos.
Como ABIFISA, defendemos fitoterápicos de qualidade, ou seja, que sejam seguros e eficazes e, especialmente, presamos pela saúde dos usuários desses produtos independente da origem dos mesmos!
4. "Professora, a questão dos agrotóxicos em nossa agricultura é uma doença crônica, pois a cada governo há uma liberação muito acentuada que visa uma produção para fins de exportação. No caso nosso dos insumos farmacológicos não poderíamos utilizar uma agricultura com selo verde?"
Luis Marques: No meu entendimento a questão dos agrotóxicos é muito mais muito mais relevante nos alimentos, que ingerimos diariamente, e que não sofrem a devida atenção e monitoramento. Nos fitoterápicos que utilizamos eventualmente (de preferência o mínimo possível se nos mantivermos saudáveis) são testes caros, inúteis e que acabam prejudicando a ampliação e consolidação da própria fitoterapia.
Laerte: No cultivo de plantas medicinais é recomendável o uso de práticas de cultivo orgânico. Entretanto, em culturas de grande escala isso se torna muito complicado e o uso de agrotóxicos se faz necessário. O que nos diferencia de outros países é que não possuímos uma lista do que pode ser utilizado, em quais culturas podemos usar e, especialmente, qual a dose a ser utilizada. Atualmente, conhecemos em torno de 6 a 7 culturas que possuem essas informações e isso acaba gerando problemas no que tange ao controle desses resíduos nas plantas medicinais.
Além disso, o Brasil é um país de grande produção agrícola e utilizamos grande variedade de agrotóxicos. Normalmente, pequenas propriedades que produzem plantas medicinais de forma orgânica, possuem como vizinhos grandes áreas de cultivo de soja, trigo, etc. Assim, essas plantas medicinais cultivadas organicamente são contaminadas pelos agrotóxicos utilizados nas culturas vizinhas (contaminação por deriva).
Em países mais desenvolvidos na área de fitoterápicos, como a Europa, a análise de resíduos de agrotóxicos é uma exigência que já vem de muitos anos e independe se o cultivo é orgânico ou não, pois entendem que o maior risco de contaminação é através da contaminação por deriva e não pelo uso adequado dos agrotóxicos. Além disso, a regulamentação nesses países é clara quanto a quais agrotóxicos podem ser utilizados para determinadas culturas e existem limites para os mesmos.
No Brasil, estamos iniciando esse processo e, portanto, ainda não possuímos histórico. Na verdade, ainda não sabemos exatamente quais são os agrotóxicos utilizados nesses cultivos, com exceção da Camomila e poucos outros produtos. Isso torna nossa tarefa complexa e cara.
Assim, a cultura orgânica deve ser incentivada, porém, a contaminação por deriva deve ser sempre considerada e avaliada como um risco potencial.
5. "Boa tarde, no controle de qualidade de fitoterápicos é uma área deficiente em profissionais ou não?"
Luis Marques: Não, há inúmeros profissionais capacitados nessa área, seja nas universidades públicas como na indústria farmacêutica. Na área magistral sim, faltam profissionais capacitados e experientes; vale comentar que isso piorou por absoluta falta de exigências legais, então o setor magistral não valoriza quem tem experiência nessa área.
Laerte: Existem grandes profissionais nessa área, porém, esse número não supre a demanda do mercado se pensarmos que várias empresas trabalham com produtos naturais como, por exemplo, indústria farmacêutica, indústria de alimentos/suplementos alimentares, farmácias de manipulação/vivas, industrias de MTC, fabricantes e distribuidores de IFAV´s e etc.
6. "Não pode pedir um laudo para o extrato nativo?"
Luis Marques: Não entendi a pergunta e a acho sem sentido, pois o extrato nativo é parte do processo produtivo e sua avaliação interessa apenas ao produtor e não à farmácia ou ao consumidor.
Laerte: O extrato nativo faz parte de uma das etapas de produção do extrato vegetal final. Dessa forma, somente o fabricante do derivado vegetal tem acesso ao extrato nativo. Nessa etapa do processo são realizadas análises de controle em processo e isso não reflete todas as características resultantes do produto acabado que, nesse caso, é o derivado vegetal. Além disso, o que a consulta pública solicita é que se REALIZE análises no extrato nativo.
Somente solicitar laudo, não cumprirá o requisito. Conforme já coloquei anteriormente, independente do que esta descrito em um laudo, o detentor do registro do produto acabado deverá realizar as análises e verificar se estão de acordo com o reportado no laudo. Apenas assumir um número em um laudo é um risco muito grande em função das possibilidades de adulterações apresentadas durante as discussões.
7. "Boa tarde, no controle de qualidade de fitoterápicos é uma área deficiente em profissionais ou não?"
Mesma pergunta do item 5
8. "Professor Ivan, não poderíamos entender que a nossa legislação deficiente impõe barreiras para o desenvolvimento e crescimento da nossa farmácia magistral, talvez de forma intencional e deliberada desde a sua preparação?"
Luis Marques: Embora a pergunta seja direcionada, me permito opinar que não. Inclusive há contradição no próprio conceito da pergunta, pois legislação deficiente não impõe nada, ao contrário, é porteira aberta para todas as facilidades inadequadas que apontei.
9. "Professor Ivan, não poderíamos entender que a nossa legislação deficiente impõe barreiras para o desenvolvimento e crescimento da nossa farmácia magistral, talvez de forma intencional e deliberada desde a sua preparação? "
Mesma pergunta do item 8
10. "já não é hora de revisarmos toda nossa legislação farmacêutica?"
Luis Marques: No aspecto controle de qualidade magistral sim, certamente. Na área industrial não, o que falta é critério adequado de avaliação e aplicação legal.
Laerte: Sim, algumas legislações estão desatualizadas e, de forma não intencional, acabam propiciando que produtos de baixa qualidade sejam comercializados prejudicando os consumidores e denegrindo a imagem dos fitoterápicos que são excelentes opções de tratamento para diversas situações.
Conheça a Antroposofia e entenda as diferenças para os fitoterápicos e homeopáticos
1."De certa forma o comercio justo também garante a qualidade das matérias primas?"
Sim, podemos dizer que o comércio justo garante a qualidade das matérias primas porque o produtor rural se torna parceiro da empresa. Quando ele é tratado de maneira justa, ele toma as medidas necessárias para garantir que as plantas sejam cultivadas, colhidas e processadas da maneira adequada, garantindo a qualidade da matéria prima. E além disso, garante-se que o fornecimento da matéria prima não tenha participação de trabalho escravo, infantil, etc. É uma qualidade no sentido mais global: é melhor para o consumidor e para o planeta.
2."Rodolfo, parabéns pela apresentação! Gostaria de perguntar, para indicação de medicamentos antroposoficos é necessário receita médica?"
Para indicação de medicamentos antroposóficos OTC (lista disponível em nosso site) não é necessária receita médica. Eles podem ser comercializados em farmácias e drogarias. Mas é muito importante o papel do farmacêutico no momento da dispensação, para esclarecer eventuais dúvidas. Existe um único medicamento antroposófico da Weleda que exige prescrição médica (Adenon). Já os medicamentos antroposóficos magistrais (manipulados), estão disponíveis somente nas Farmácias Weleda, e exigem receita médica por serem fórmulas individualizadas, para casos específicos.
3."Professor, esta integração de agricultura biodinâmica e produção de fármacos produz um efeito ganha-ganha para o sistema. Porque não encontramos um maior incentivo governamental para a iniciativa privada alavancar este setor tão importante para a saúde das pessoas?"
Já existem algumas iniciativas, por exemplo, farmácia antroposófica social, para pessoas de baixa renda. Em alguns municípios, já existem farmácias vivas nos moldes da legislação vigente, que utilizam agricultura biodinâmica na produção das plantas medicinais. Um dos gargalos é a falta de pessoal com formação e conhecimento técnico na área.
4."Quanto tempo é a formação para atuação na área da antropofasia?"
Para atuação na área de antroposofia, recomenda-se que o farmacêutico primeiro faça curso de Especialização em Homeopatia (em torno de 2 anos); e depois, a formação básica em Antroposofia para Profissionais de Saúde (que leva 1 a 2 anos). Além disso, existem treinamentos específicos de dinamização ministrados por farmacêuticos experientes. Com isso, o tempo de formação é de no mínimo 4 anos.
5."Com as queimadas e desmatamento acontecendo o tempo todo, existe possibilidade de ser extinta as matérias primas na fitoterapia ou atrapalhar o cultivo? "
Sim, com as queimadas e desmatamento causados pelo ser humano, existe o risco de extinção de espécies medicinais, assim como problemas no crescimento das plantas, contaminação por poluentes, etc. Esse problema é antigo: é por isso que desde sua fundação a farmácia antroposófica obtém as matérias primas por meio de parcerias com produtores biodinâmicos, orgânicos e de comércio justo. Assim, parte da renda obtida com a venda dos produtos é revertida para a preservação e regeneração do meio ambiente. Se pensarmos no Brasil com sua imensa biodiversidade, quantas espécies ainda nem foram descobertas e que poderiam ser usadas na terapêutica.
6."Quais os principais métodos analíticos para análise da matéria prima e do produto acabado?"
Os métodos analíticos para análise de matéria prima e de produtos acabados são os mesmos métodos analíticos usados pela indústria farmacêutica convencional. Seguimos os métodos analíticos descritos em farmacopeias e compêndios oficiais. Lembrando que matérias primas de origem natural são extremamente sujeitas a variações, em decorrência de lote, safra, fatores ambientais e climáticos, etc.