CCPA 2021 - Congresso Capixaba de Pesquisa Agropecuária

Mesmo com o aumento de implantação de áreas de integração lavoura-pecuária-floresta no Brasil, o conhecimento básico da interação que ocorre entre os elementos do sistema, visando subsidiar seu entendimento e atividades de manejo, ainda é escasso. Assim, a presente proposta tem por objetivo avaliar o microclima, a água disponível no solo e as respostas fisiológicas dos estratos vegetais em diferentes modelos de sistemas silvipastoris, buscando gerar informações a respeito das modificações ambientais geradas com a adoção de tais sistemas, bem como sobre as respostas das plantas. O experimento foi conduzido em área de pastagem de capim-marandu recuperada por diferentes modelos de sistemas silvipastoris no sul do Espírito Santo, adotando-se os seguintes tratamentos, em quatro diferentes condições de declividade e orientação de encostas: Capim em monocultivo (testemunha da pastagem); Eucalipto em monocultivo (testemunha do componente florestal); Capim em sistema silvipastoril com eucalipto; Capim em sistema silvipastoril multiestrato com eucalipto + leucaena e Capim em sistema silvipastoril com Araribá (espécies florestal). 

Elementos estruturais de madeira lamelada colada (MLC) produzidos a partir de resíduos de madeira de eucalipto para serem utilizados como calços.

Os óleos essenciais são substâncias voláteis e estão presentes principalmente em plantas aromáticas. Possuem propriedades aromatizantes e terapêuticas que são usadas na composição de perfumes, cosméticos, produtos de higiene pessoal; para dar gosto, cheiro e conferir propriedades conservantes/estabilizantes de alimentos e bebidas, bem como em formulações de medicamentos devido as suas propriedades medicinais. Neste sentido nosso objetivo foi avaliar a viabilidade técnica da extração sustentável de diferentes óleos essenciais e de espécies nativas da Mata Atlântica para implantação no sistema integrado silvipastoril e as suas potencialidades de uso para indústria farmacêutica, cosmética ou de alimentos. 

Foram extraídos e qualificados os taninos da casca de clones de eucalipto provenientes de dois ambientes (um chuvoso e um seco), com resultados bem interessantes para seu aproveitamento.

Vídeo apresentação sobre os resultados obtidos no desenvolvimento do projeto "Impactos de diferentes modelos de sistemas silvipastoris nos atributos químicos e físicos do solo" desenvolvido pelo Idaf em rede de pesquisa com a UFES e que será apresentado no Congresso Capixaba de Pesquisa Agropecuária.

É notória a degradação da Floresta Atlântica, pela ação antrópica e, a cada instante aumenta a preocupação com este bioma, a considerar a enorme biodiversidade nele contida. Para isto algumas estratégias precisam avançar com o objetivo da conservação, como a preservação das espécies em que no ambiente natural torna-se impossível. Desta forma algumas técnicas podem ser utilizadas, como o cultivo in vitro, por meio da organogênese e embriogênese somática de Melanoxylon brauna e Dalbergia nigra. Objetivou-se com este trabalho a multiplicação in vitro em larga escala através da organogênese e a embriogênese somática de explantes juvenis e adultos de espécies nativas da Floresta Atlântica. Verificou-se em braúna alta eficiência rizogênica em substrato Carolina® (>92,42%), o que caracteriza economia nesta etapa do processo de produção in vitro da muda, não utilizando meio de cultura. Um marcador bioquímico (escurecimento do meio de cultura o que caracteriza uma exsudação do sistema radicular) foi identificado visualmente e agora ele será quimicamente estudado por meio de HPLC. Estas mudas apresentaram um sistema radicular vigoroso e, com isto, espera-se selecionar uma superbraúna que apresente alta sobrevivência à campo. Os potenciais indutores embriogênicos para a espécie M. brauna são as combinações de 2,4-D (11,3 µM) + CIN (0,46 µM); 2,4-D (11,3 µM) + CIN (2,32 µM); 2,4-D (9,04 µM) + CIN (2,32 µM); 2,4-D (11,3 µM) + CIN (1,16 µM). Em jacarandá da Bahia a combinação 2,4-D (11,3 µM) + cinetina (1,16 µM) é a + indicada à indução embriogênica.

 

☒☒

A degradação de pastagens no sul do estado do Espírito Santo constitui um problema social, econômico e ambiental para a região. Os sistemas silvipastoris, técnica de uso do solo que combina árvores, pasto e animais, se prestam para recuperar pastagens degradadas e manter a sustentabilidade dos sistemas de produção animal a pasto. Este trabalho teve como principal objetivo avaliar o potencial de diferentes espécies arbóreas e arbustivas na recuperação de pastagens degradadas, e como objetivos específicos quantificar a massa de forragem e o valor nutritivo do capim-marandu em diferentes sistemas de cultivo. 

Propagação assexuada de Paratecoma peroba, Dalbergia nigra e Melanoxylom brauna.

O presente trabalho visa aplicar novas tecnologias para agregação de valor ao café capixaba. Neste artigo, o desempenho entre a secagem estática, aquela em que não há movimento relativo entre as condições do ambiente e as partículas, e um tipo de secagem dinâmica, aquela em que há movimento relativo entre o ambiente de secagem e as partículas, são comparados. Os resultados mostram reduções de mais de 50% no tempo de secagem e baixa variabilidade na umidade interna dos grãos para leitos fluidizados.

Segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), os processos de processamento do café, no Espírito Santo (ES), não acompanharam a decolagem da produção Capixaba, nos últimos anos. E o processamento que se destaca, como potencial influenciador dos parâmetros físico-químicos e sensoriais, é a secagem dos grãos. No ES, estima-se que 40-50% da produção de café trabalhe com secagem em terreiro, estando à mercê de intemperes e disponibilidade de grandes áreas. Esse número é ainda mais expressivo considerando o cenário nacional.

A usual tecnologia de secagem mecânica como os secadores de coluna e tambor são insuficientes para agregação de valor ao produto, pois não entregam boa distribuição da energia térmica entre os grãos, demoram para secar não e permitem diferentes perfis de secagem. A umidade dos grãos de café varia de acordo com o estado de maturação no momento da colheita (verdoengo, maduro, passa e seco). O grão maduro possui 60% de umidade, decrescendo à medida que estes se encontram com maturação mais avançada (passa, seco). A umidade ideal para o armazenamento é de 11,5 %.

Para alcançar baixos patamares de umidade nos grãos, a tecnologia de leito fluidizado tem apresentado resultados satisfatórios. Quando aplicado aos grãos de café é capaz de imprimir altas taxas de secagem, 120 a 220 g/s, perfis controlados e energia térmica distribuída. O presenta artigo apresenta um estudo comparativo de desempenho de secagem de grãos de café em ambiente de leito fluidizado e ambiente estacionário.

Num processo de secagem, o ar como agente secante pode ser condicionado através da pressão, temperatura e umidade relativa. Contudo, apenas secagem de leito fluidizado é capaz de distribuir de forma homogênea as condições de secagem entre os grãos. As características construtivas de um secador de leito fluidizado permitem a distribuição homogênea através de sua caixa de vento e distribuidor que, respectivamente, uniformiza o escoamento e o distribui ao leito de secagem. O fluxo distribuído permeia um leito de secagem, garantindo renovação do ambiente de secagem e movimento das partículas, o que contribui para remoção da umidade ligada (ou interna) aos grãos. Os perfis de secagem são controlados pelo condicionamento e pela taxa de fluxo (ou taxa de renovação) de ar. O presente trabalho parametriza apenas a temperatura do ar, deixando as condições de pressão e umidade para trabalhos futuros. Para que uma secagem dinâmica ocorra, ou o ambiente ou o leito de partículas ou ambos devem estar em movimento relativo. O movimento relativo pode ocorrer em 3 configurações: o agente secante permeia um leito estático, o agente secante permeia um leito com vibração forçada, o agente secante arrasta o leito. A condição de leve arrasto ou quase estático, garante uma vibração entre os grãos e constante renovação do ambiente de secagem caracterizando a secagem fluidizada. Portanto, 2 kg de café Conilon com umidade inicial base umidade de 62% foram colocados na condição de secagem fluidizada a 60 ºC e na condição de secagem estática por meio de estufa até atingirem a umidade final de 11%. Os resultados foram de 12,8 horas para a secagem na estufa contra 6,1 h de secagem em leito fluidizado, isto é, uma redução de 52,3% no tempo de secagem. Vale mencionar que os grãos que tocaram a bandeja da estufa ficaram marcados devido aos maiores gradientes térmicos, efeito este que também ocorre em secadores do tipo tambor devido à baixa qualidade da distribuição térmica.

Este trabalho impacta diretamente na agregação de valor do café capixaba, estendendo para o café brasileiro. A homogeneização da secagem garante a conservação dos parâmetros físico-químicos e sensoriais, o que não é garantida na secagem tambor convencional. O conceito da secagem fluidizada pode chegar aos produtores através da prestação de novos serviços ou a conversão dos secadores tambores das cooperativas para leito fluidizado. 

O trabalho apresentado relata os propósitos e objetivos de sua operacionalização. Trata do estudo das características da qualidade físicas, físico-químicas e sensoriais do café, arábica e conilon. São estudados diferentes grupos de progênies e clones que se encontram em fase de pré-lançamento pelo Incaper. Visa subsidiar o desenvolvimento e recomendação de novas cultivares que aliem boa performance agronômica à melhor qualidade do produto  

Avaliação técnica e agronômica de sistemas mecanizados e semimecanizados de colheita e seleção de plantas com características agronômicas superiores que viabilizem o processo da colheita dos cafés conilon e arábica, no Estado do Espírito Santo.

Trabalho a ser apresentado no CCPA 2021

O Brasil é líder mundial na produção e exportação de cafés. A ocorrência da
ferrugem no cafeeiro conilon é um fator limitante à produção. O conhecimento
dos efeitos ambientais sobre a ocorrência e intensidade da ferrugem, é essencial
para auxiliar na tomada de decisão e no manejo fitossanitário desta doença.
Objetivou-se com este projeto avaliar o efeito da altitude, temperatura, umidade
relativa do ar e precipitação pluviométrica na intensidade (incidência e
severidade) da ferrugem do cafeeiro conilon. O estudo foi realizado em três
lavouras de cultivo comercial de cafeeiro conilon, variedade EMCAPER 8151 –
ROBUSTA TROPICAL, propagada por sementes, localizadas na região Sul do
estado do Espírito Santo, em diferentes estratos de altitude (<100m; >100m e
<500m; >500m), selecionadas e caracterizadas, para fins de comparação, com
base na similaridade entre a idade da lavoura, espaçamento de plantio e tratos
culturais. Em cada área foi demarcada uma malha amostral composta por 80
pontos, distanciados a cada 15 metros e distribuídos de forma a ocupar e
representar toda a área. A quantificação do número de folhas (NF), da incidência
(INC) e da severidade (SEV) da ferrugem foi realizada mensalmente, de
novembro de 2017 a novembro de 2018. Para descrever o progresso temporal
da doença, foram plotadas curvas de progresso da ferrugem do cafeeiro ao longo
do tempo, e calculada a variável Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença
e ajustados modelos epidemiológicos. Para o monitoramento das condições
ambientais locais, estações meteorológicas automáticas foram instaladas em
locais estratégicos e representativos em cada área. Para análise da distribuição
espacial da doença, os dados de incidência e severidade foram submetidos à
análise geoestatística para determinar e quantificar a dependência espacial.
Houve diferença no padrão de distribuição temporal da doença nos diferentes
estratos de altitude (EA). Quanto maior o EA, menor a taxa de progresso da
doença e menor a favorabilidade diária para a infecção de Hemileia vastatrix em
cafeeiro conilon. Para a variável incidência da ferrugem do cafeeiro, o modelo de
Gompertz foi o que melhor se ajustou para descrever a epidemia. Houve
correlação entre as variáveis epidemiológicas nos diferentes EA e as variáveis
meteorológicas. Com base nos critérios de determinação dos modelos, não
houve dependência espacial para a distribuição das variáveis incidência e
severidade. 

O uso racional da água é um dos grandes desafios na agricultura irrigada para superá-lo, dentre outras ações, deve-se definir adequadamente o momento de irrigar e a quantidade de água a aplicar. Redes de sensores sem fio (RSSF) são sistemas integrados, com capacidade de coletar, processar e transmitir informações em tempo real, integrando facilidade e praticidade ao manejo da irrigação. A obtenção de dados de umidade em tempo real contribui para aumentar a eficiência no uso da água, prevenindo o excesso e o déficit hídrico, proporcionando incremento em produtividade, além de reduzir impactos ambientais associados à irrigação. Objetivou-se nesse trabalho, a implementar uma RSSF utilizando equipamentos de baixo custo, com capacidade de se comunicar com aparelho celular para informar ao usuário sobre a umidade atual do solo. A RSSF foi implementada e avaliado o desempenho da umidade do solo em laboratório, e em campo cultivado com cafeeiro Conilon. Foram ajustadas curvas de calibração para quatro modelos de sensor de umidade do solo em laboratório, os quais foram avaliados visando selecionar os que seriam utilizados para analisar o desempenho da RSSF no monitoramento da umidade do solo em campo. Com relação ao monitoramento da umidade do solo em laboratório, o desempenho da RSSF variou em função do modelo de sensor utilizado. No primeiro ciclo de umedecimento e secagem, os quatro modelos de sensor de umidade do solo avaliados apresentaram ótimo desempenho, alta precisão e exatidão. No segundo ciclo, o sensor S1 obteve os melhores resultados para desempenho, precisão e exatidão, seguidos pelos sensores S2, S4 e S3. Comparando a avaliação da RSSF nas duas estações, pode-se verificar que utilizando o sensor S1, o desempenho e a exatidão decresceram, o desempenho que havia sido ótimo no verão foi sofrível no outono, e a concordância que superou 90% no verão, não passou de 55,9% no outono. Utilizando o sensor S2, o desempenho da RSSF cresceu discretamente, pois o mesmo havia sido péssimo no verão e foi sofrível no outono, enquanto a exatidão manteve o comportamento nas duas estações Recomenda-se a realização de calibrações específicas para isso, o sensor de temperatura deve ser inserido à RSSF.cada estação do ano, visando inserir no software as correções que devem ser realizadas em função do aumento ou diminuição da temperatura, para que o desempenho da RSSF seja satisfatório em todas as estações do ano. 

Vídeo apresentando os resultados do projeto MELHORAMENTO GENÉTICO DE CAFÉ ARÁBICA PARA A REGIÃO DE MONTANHAS DO ESPÍRITO SANTO. Edital FAPES/SEAG Nº 06/2015 - PPE AGROPECUÁRIA.

A cafeicultura do conilon é a principal atividade agrícola do Espírito Santo, principalmente nas regiões quentes do Estado. O Incaper trabalhando em parcerias com outras instituições desenvolveu e lançou 12 cultivares. A seca associada as altas temperaturas tem sido o principal problema da cultura. A exemplo, a seca de 2014 a 2016 provocou a redução da produção de conilon na ordem de 50%. Visando proporcionar maior segurança e sustentabilidade a atividade cafeeira do conilon o projeto tem o objetivo de continuar o melhoramento genético de café conilon para obtenção de cultivares tolerantes a seca. Usando métodos de melhoramento e estratégias sexuadas e assexuadas foram desenvolvidas e lançadas as cultivares Marilândia ES 8143 e Conquista ES 8152. A Marilândia ES 8143 é uma cultivar clonal formada pelo agrupamento de 12 clones superiores tolerantes a seca. A cultivar Conquista ES 8153 é uma cultivar propagada por sementes formada pela recombinação dos 56 melhores clones do programa de melhoramento do Incaper, que apresenta ampla base genética, adaptação para o ES, rusticidade e tolerância a seca. Ainda, o projeto proporcionou a disponibilização de mais de 50 estacas para implantação de jardins clonais e 2.500 kg de sementes para produtores e viveiristas, 12 publicações técnico científica e o lançamento da 3ª edição do livro café conilon na versão Inglês 'Conilon Coffee' Os resultados do projeto ofereceu contribuições importantes para sustentabilidade, sobretudo, dos produtores de base familiar do Estado do Espírito Santo.

Nos processos pós-colheita de café, seja a seco ou por via úmida, os frutos são processados permitindo que uma fermentação espontânea ou natural aconteça, essa fermentação pode acontecer por poucas horas (secagem diminui a atividade de água e assim interrompe os processos bioquímicos) ou por dias. Mesmo que o café seja fermentado basicamente para facilitar a remoção da camada de mucilagem da semente, durante esse processo centenas de substâncias são produzidas e ou consumidas, e irão  modificar os compostos constituintes no grão verde. Assim, a fermentação pode ser imperativa para o desenvolvimento do sabor e alto padrão de qualidade.

 Diversas e diferentes cepas de bactérias, leveduras e fungos filamentosos estão presentes durante o processamento do café. Essa microbioma natural fornece uma condição especial para a fermentação. No entanto, a utilização de microrganismos selecionados como culturas starters em processos fermentativos pode melhorar a qualidade dos alimentos fermentados, proporcionando controle de fermentação e padronização do produto final. Alguns trabalhos apontam que o uso de culturas starters, leveduras, em cerejas de café processadas por processo natural ou via seca produziu bebidas de café com sabor distinto e é uma alternativa interessante para a obtenção de uma bebida de qualidade.

 Este projeto objetivou descobrir, avaliar e utilizar os próprios microrganismos presentes nos ambientes dos cafezais e ou grãos, como culturas starters, para fermentar o café de forma mais segura e econômica. Buscando assim, padronizar um processo pós-colheita biotecnológico via úmida, onde a fermentação dos grãos é uma atividade obrigatória, e que visa garantir a produção de cafés classificados como bebida fina. Segue uma descrição resumida dos resultados de 03 anos de atividades.

Material para Download - CLIQUE AQUI

A cafeicultura capixaba é pujante e de significativa importância socioeconômica para as diversas regiões produtoras. Porém, apesar dos esforços empreendidos pelos diversos setores para o aumento da produção e a melhoria da qualidade, verifica-se, a prevalência de cafés de baixa qualidade e sem valor agregado. Tal fato se caracteriza em função de fatores relacionados às características do solo, clima e ao manejo pós-colheita dos grãos, principalmente, nas regiões montanhosas, onde as variações são mais acentuadas. Objetivou-se com este trabalho, estudar a qualidade do café arábica produzido em diferentes ambientes e condições de processamento pós-colheita no Estado do Espírito Santo. Foram selecionados 100 pontos amostrais de toda região produtora de café arábica do Estado, de acordo das características edafoclimáticas de cada região. Nestes, foram caracterizadas as unidades de pós-colheita, os processos desenvolvidos, as características físicas e químicas do grão cru e da qualidade da bebida do produto final produzido na propriedade, a fim de comparar com o produto manejado em conformidade com as recomendações técnicas de pós-colheita, avaliadas em outro projeto conduzido pelo Incaper. Os resultados analíticos foram submetidos à análises de correlação de Pearson e ajuste de modelos matemáticos de regressão linear múltiplos, além de análise descritiva, considerando as medidas de posição, média e mediana e de dispersão, valores mínimos e máximos, desvio padrão, coeficiente de variação. Os dados coletados em campo, os resultados das análises laboratoriais, os resultados das análises estatísticas e a localização geográfica dos pontos de amostragem, estão sendo tabulados e armazenados num banco de dados geoespaciais, que ficará disponíveis para consulta. Verificou-se que 29,0 das propriedades produzem cafés cerejas descascados, com pontuação média inferior a 80 pontos e classificados como qualidade boa normal. Um destaque pode ser inferido aos municípios de Brejetuba e Castelo que apresentaram cafés muito bom, pontuando entre 80 - 84 pontos, classificados como bebida especial. Os cafés naturais produzidos em 71,0 % dos pontos amostrais, apresentaram classificação baixa (65 %) com pontuações inferiores a 40 pontos e apenas 10% foram classificados com bebida especial. Os grãos de café são predominantemente classificados em ‘chato graúdo’ e ‘chato médio’, tendo em vista que 76,28% dos grãos crú se enquadraram nas peneiras 15 acima. A região sul apresentou os menores percentuais de grãos P >17 acima e, juntamente com a região litorânea, possuem um elevado percentual de catação nas amostras produzidas, alcançando indice de 14,7 % e 17,2%, respectivamente. A região noroeste possui os melhores resultados de classificação, alcançando um indice de 86,0 % de P>15 acima e 7 % de cata. Os cafés apresentaram 13,5 % de defeitos, um índice muito acima do normal (1,0 %), representando um gargalo econômico para os produtores. Os defeitos extrínsecos, se destacou a predominância de paus e pedras na classificação e quanto aos defeitos Intrínsecos, verificou-se a presença de grãos alterados, com destaque, principalmente, para os grãos pretos, ardidos e verdes, requerendo dos produtores e agentes públicos maior atenção, pois está diretamente relacionado ao manejo de colheita e pós-colheita ineficiente, causando prejuízos para as partes. Conclui-se que as regiões possuem potencial, tendo em vista a uniformidade apresentada quanto ao formato e tamanho dos grãos, precisando ajustar as metodologias dos tratamentos pós-colheita, afim de diminuir os defeitos intrínsecos e extrínsecos e, por consequência, elevar a qualidade do  produto beneficiado, atingindo melhores valores de mercado. Os percentuais de impurezas mensuradas nas amostras, caracterizada pela ‘cata’, pode ser um indicador da necessidade de se desenvolver políticas de apoio para mitigar tal problema. 

Apresentação dos resultados finais do projeto intitulado "Qualidade potencial do café conilon produzido em diferentes ambientes no sul do estado do Espírito Santo" financiado pelo edital FAPES/SEAG Nº 06/2015 - PPE AGROPECUÁRIA.

Tema: cafeicultura
Este conteúdo faz parte dos resultados de projeto de pesquisa
EDITAL FAPES Nº 06/2015 - PESQUISA APLICADA A POLÍTICAS PÚBLICAS ESTADUAIS/PPEAGRO
Coordenador: Marcelo Antonio Tomaz CCAE/UFES

A cultura do café conilon (Coffea canephora) no estado do Espírito Santo (maior produtor do país), apresentou, até o ano de 2014, aumentos significativos na produção de grãos, fato associado principalmente as técnicas agronômicas que foram empregadas ao longo dos anos. Entretanto, a baixa disponibilidade hídrica no solo associada com elevadas temperaturas atmosféricas (seca), apresentadas nos últimos anos no Estado, promoveu decréscimos significativos na produção do café conilon. Diante de um cenário de mudanças climáticas globais, com seus possíveis impactos sobre a temperatura e sobre os regimes de chuvas, o desenvolvimento de variedades com algum grau de tolerância à seca deve ser encarado como um objetivo fundamental em programas de melhoramento genético do café conilon. Todavia, isso requer a avaliação de um grande número de genótipos, em condições de campo, para obterem-se, ao final de vários anos, alguns poucos materiais promissores. Ademais, as metodologias mais usuais para identificar plantas portadoras de características de interesse, fazem uso de métodos destrutivos que demandam muito tempo, recursos e mão-de-obra, limitando sua aplicação. Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi desenvolver um protocolo de fenotipagem de alto rendimento para a identificação de clones de C. canephora com maior potencial para tolerância à seca. Para tal, as principais características fisiológicas que conferem tolerância à seca foram determinadas em larga escala sob condições de campo e, posteriormente, associadas com a produção de grãos. Os clones (40) foram cultivados em um ensaio de competição, implantado na Fazenda Experimental de Bananal do Norte, pertencente ao Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), localizada no distrito de Pacotuba, município de Cachoeiro de Itapemirim, sul do Espírito Santo. Os clones foram plantados com espaçamento de 3,00 x 1,20 m, no ano de 2009, obedecendo o delineamento estatístico em blocos casualizados, com quatro repetições. A parcela experimental foi composta de cinco plantas dispostas em linha. As características fisiológicas foram determinadas em folhas completamente expandidas de ramos plagiotrópicos do terço superior das plantas durante os anos de 2017, 2018 e 2019. Anualmente, durante a fase de granação, foi determinado o teor relativo de água; temperatura foliar; área foliar unitária e específica; índices de clorofilas, flavonoides, antocianinas e de balanço de nitrogênio; eficiência quântica máxima do fotossistema II, transmitância foliar e taxa de transporte de elétrons; concentração de prolina, compostos fenólicos totais e cinzas. A produção de grãos de cada genótipo, foi determinada considerando os dados das safras de 2017, 2018 e 2019. Diferença significativa entre os genótipos foram encontradas para todas as características avaliadas, exceto para área foliar específica. Os genótipos foram dispostos em quatro grupos distintos com base nas distâncias genéticas. O índice de clorofila total apresentou a maior contribuição para a divergência genética. A intensidade da coloração verde foliar, determinada de forma não destrutiva com clorofilômetros portáteis, apresentou relação significativa com a concentração de pigmentos, nitrogênio e produção de grãos. Clorofilômetros portáteis podem ser utilizados como ferramenta para identificar clones de C. canephora que apresentem desempenho fotossintético superior e maior potencial de tolerância à seca.

-

A pimenta-do-reino é uma cultura de grande importância social e econômica para o Espírito Santo, no entanto a qualidade da pimenta produzida precisa ser avaliada e aprimorada para agregar valor ao produto no mercado internacional. Nesse estudo foram determinados o teor de piperina, a composição do óleo essencial e a composição elementar das amostras, com o objetivo de verificar a relação com a sazonalidade e métodos de secagem empregados pelos produtores. Os resultados encontrados mostram que dependendo da estação do ano houve redução no teor de piperina, alterações na composição do óleo essencial e redução de macronutrientes e do micronutriente B. Os tipos de secagens mecânicas (com fogo direto e com fogo indireto) indicaram possíveis alterações na composição do óleo essencial. Adicionalmente, observou-se incremento de Fe e Cr em secagem mecânicas com fogo direto, em consequência de contato direto com estruturas metálicas dos secadores. 

Fusarium solani f. sp. piperis é o causador da fusariose, doença fúngica predominante nas culturas de pimenta-do-reino. A fusariose diminui pela metade a vida útil das lavouras e a qualidade do produto produzido. Além disso o acometimento das plantas obriga a aplicação de fungicidas, tais como o carbendazim e tebuconazol, considerados inapropriados e perigosos ao meio ambiente e a saúde humana. Todos esses fatores implicam em impactos agrícolas e econômicos negativos, visto que o Brasil é o terceiro maior produtor e o quinto maior exportador dessa commodity. Por essas razões, a busca de compostos mais seguros e efetivos no controle dessa doença é um campo relevante e de interesse na agricultura. Assim, 11 derivados do eugenol, 8 derivados do timol, extratos, óleos voláteis de mais de 50 espécies de plantas da mata atlântica, foram avaliados em relação ao potencial antifúngico pela determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e concentração fungicida mínima (CFM). A atividade citotóxica das amostras mais ativas foi avaliada in vitro sobre células HepG2 na ausência e presença de um sistema de ativação metabólica (Fração hepática S9) a fim de se avaliar a formação de metabólitos mais ou menos tóxicos. Ciclofosfamida foi utilizada como padrão de efetividade do ensaio. Resultados também foram comparados com carbendazim e tebuconazol. Estudos de docking molecular da β-glucosidase, enzima-chave no mecanismo infeccioso de Fusarium solani f. sp. piperis, foram conduzidos para o derivado mais ativo. A maioria dos extratos se mostraram fungistáticos em 1mg/mL e apenas 2 foram fungicidas. Para os óleos voláteis, 07 amostras foram fungistáticas em 0,8 mg/mL. Entre os derivados, o derivado do eugenol, derivado 8 (2-(4-alil-2-metoxifenóxi)-3-cloronaftaleno-1,4-diona) foi o mais efetivo (CIM = 25 μg/mL; CFM= 50 μg/mL), afetando a viabilidade fúngica em concentrações menores do que o tebuconazol (CIM = 50 μg/mL; CFM= 100 μg/mL), além de não apresentar aumento significativo da citotoxicidade (IC50(-S9) = 11.8 ± 0.50 μg/mL; IC50(+S9) = 9,04 ± 0.2), pós- metabolização. Os demais derivados não apresentaram atividade promissora. O carbendazim apesar da atividade antifúngica (CFM=1,56 μg/mL), apresentou alta citotoxicidade após exposição a fração S9 (IC50(-S9) = 251.0 ± 0.30 μg/mL; IC50(+S9) = 34.71 ± 0.10*). Dentre os derivados do eugenol avaliados, o derivado 8 apresentou atividade fungicida promissora contra o fitopatógeno, sendo mais ativo do que o tebuconazol. Os resultados de docking molecular para o 

derivado 8, indicam potencial de interação com resíduos de aminoácidos importantes à atividade inibitória através de uma interação do tipo cátion-pi com o resíduo de aminoácido Arg177 e uma ligação de hidrogênio com Glu596, contribuindo para sua estabilização no interior do sítio ativo e, consequente ação antifúngica. Assim, os resultados demonstram que esse novo composto é promissor como protótipo para desenvolvimento de fungicidas agrícolas mais seguros e efetivos. 

Determinar demanda nutricional da cultura (extração + exportação);

Conhecer o melhor balanço entre os nutrientes para garantir o máximo aproveitamento dos fertilizantes;

Estabelecer o parcelamento dos fertilizantes em função da  demanda nutricional; 

Estabelecer o quanto será necessário repor ao solo para não exauri-lo (dose de sustentabilidade).

S

A pimenta-do-reino (Piper nigrum L.), conhecida internacionalmente como ‘black pepper’ é o condimento mais importante do mundo. No Brasil, em 2019 ocupou uma área superior a 35 mil ha, produzindo mais de 109 mil t, correspondendo a cerca de 10% da produção mundial. O estado do Espírito Santo foi o maior produtor com cerca de 57 % da produção nacional, posição alcançada desde 2018 e mantida desde então. De fato, o excelente desempenho das lavouras capixabas contribui para a elevação do Brasil no ranking mundial, ocupando o terceiro lugar. São muitos os desafios impostos ao setor produtivo, entre eles doenças (especialmente fusariose), estresses abióticos e baixa qualidade do produto. O melhoramento genético de plantas é uma alternativa viável e eficaz que pode auxiliar na superação de parte destes desafios. Desta forma, o INCAPER, com o apoio da FAPES, deu início ao presente trabalho no intuito de dar início a um Programa de Melhoramento Genético para a cultura da Pimenta-do-Reino no estado do Espírito Santo, a fim de se obterem genótipos que aliem alta qualidade de grãos e características agronômicas desejáveis. Inicialmente o programa de melhoramento foi constituido baseado na estratégia da seleção recorrente simples. Para tanto, coletou-se material propagativo de diferentes cultivares entre viveiristas e agricultores, a fim de constituir a coleção de genótipos que formam o Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de pimenta-do-reino do INCAPER, o qual serviu de material genético para a formação da população base de ciclo 0 (C0). Desta forma, atualmente dispomos de oito genótipos foram utilizados como parentais na formação de C0, num esquema de cruzamentos de dialelo completo, desconsiderando os recíprocos, foram eles: ‘Bragantina’, ‘Cingapura’ ‘Kotanadam’, Broto Branco (possível seleção clonal de ‘Bragantina’), ‘Balankota’, ‘Guajarina’, ‘Iaçará’ e ‘Chumala’. Das 28 combinações híbridas possíveis (populações) de serem obtidas, foram obtidas 18 populações e um total de 452 plantas. Para determinar a qualidade de grãos foram realizadas as seguintes análises: teor de óleo essencial (%), teor de oleoresina (%) utilizando-se etanol como extrator, teor de piperina nos grãos (%). As avaliações quanto à qualidade foram realizadas apenas para os 8 genótipos utilizados como parentais na formação da população C0, porém as populações não puderam ser avaliadas pois ainda não iniciaram a produção de grãos. Houve diferença significativa pelo teste de Tukey a 5% para todas as variáveis de qualidade analisadas, evidenciando a existência de variabilidade genética entre os genótipos avaliados para essas características. O teor de óleo essencial variou de 2,54 % a 3,98 % (cv=4,28; m= 3,06; H²=0,9656) , o teor de oleoresina variou de 7,62 % a 14,56 %(CV=6,53; m=11,18; H²= 0,9670), e o teor de piperina nos grãos variou de 3,9 % a 6,8 %(CV=7,59; m=5,26; H²= 0,9236). A coleção total de genótipos no BAG do INCAPER foi ampliada e atualmente dispomos de 10 genótipos de pimenta-do-reino.

Obtenção de novos produtos a partir de fontes naturais e sintéticas com potencial aplicação no combate ao fungo Fusarium solani piperis 

Video com resumo de projeto de pesquisa 

O melhoramento do mamoeiro pode ser desenvolvido a partir de ciclos de seleção recorrente, onde o processo de seleção e recombinação é feito continuamente, buscando aumentar a frequência de alelos favoráveis sem perder variabilidade genética. O objetivo deste trabalho foi avaliar o segundo ciclo de seleção recorrente realizado a partir da cultivar Rubi Incaper 511 buscando melhorar sua produtividade e qualidade de frutos. Foram avaliadas 18 famílias de meios-irmãos (FMI) e a própria cultivar como testemunha.  Foram avaliados caracteres de produção e qualidade de fruto aos nove e aos doze meses. Houve diferenças significativas para todas as variáveis e os valores de H2 obtidos foram altos. Os resultados indicam que os novos ciclos de seleção recorrente podem ser realizados com sucesso com as FMI obtidas a partir da Rubi Incaper 511.  

Apresentação dos resultados do projeto intitulado "CARACTERIZAÇÃO FISIOLÓGICA DE GENÓTIPOS DE CACAUEIRO VISANDO AMPLIAR A BASE GENÉTICA PARA RESISTÊNCIA À SECA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO" no CCPA 2021.

Resumo: O cultivo do cacaueiro é de grande importância econômica para o estado do Espírito Santo, especialmente para a região norte que apresenta um período de restrição hídrica que tem se agravado consideravelmente nos últimos anos, causando sérios prejuízos conjuntamente com a doença vassoura-de-bruxa. A principal saída para solucionar o problema está no plantio de plantas resistentes à seca e à enfermidade, mediante seleção de genótipos que economizem água nessas condições sem comprometer sua produção. Nesse sentido, diversos aspectos fisiológicos e nutricionais das plantas podem ser explorados, buscando compreender como se comportam em respostas a esse tipo de estresse. Objetivou-se estudar características fisiológicas que podem estar relacionadas com a resistência à seca em genótipos de cacaueiro cultivados na região norte do estado do Espírito Santo, visando subsidiar a seleção de novos genótipos e porta-enxertos que possam ser usados em plantios comerciais e em programas de melhoramento para tolerância à seca. Com esse objetivo foram realizadas três ações de pesquisa. Inicialmente, em um ensaio de 39 clones instalado na estação experimental da CEPLAC (ESFIP) e em áreas de produtores, foram selecionados 19 genótipos que apresentaram boa produtividade no período de restrição hídrica verificado de 2014 a 2016 em condições de campo. A seguir foram preparadas 2052 mudas em tubetes dos 19 clones selecionados para mensuração do crescimento em viveiro. Posteriormente foram preparadas mudas em recipientes de polietileno de 18 L para instalação de um experimento em casa de vegetação no delineamento de blocos casualizados, arranjo fatorial 2 x 19, constituído por mudas com 12 meses de idade de 19 genótipos com e sem irrigação. Nessas mudas foram mensuradas variáveis fotossintéticas (Fotossíntese líquida-A, Condutância estomática-gs, Transpiração-E, Eficiência intrínseca do uso de água-A/gs, etc.) de fluorescência da clorofila, de crescimento, de nutrição mineral e de teor relativo de água foliar (TRA). No período de restrição hídrica (2014 a 2016), a produtividade média de três anos (kg/ha) foi maior nos genótipos CPs 234 (1610 kg/ha), 223 (1340 kg/ha), 236 (1116 kg/ha), 47 (1090 kg/ha), 176 (1037 kg/ha) e 49 (965 kg/ha). Observou-se também correlação significativa (r=0,67*) entre a produtividade e o TRA, bem como entre o índice de murcha foliar e o TRA (r=-0,63*) avaliados nas plantas em campo. Na quantificação do crescimento em viveiro observou-se diferenças significativas entre os genótipos, especialmente em relação à área foliar e diâmetro do caule. No experimento instalado em casa de vegetação, os resultados mostraram que há diferenças intergenotípicas estatisticamente significativas para a maioria das variáveis estudadas, bem como entre plantas irrigadas e não-irrigadas. Dentre os genótipos estudados merecem destaque o CP 236, CP 176 e CCN 51 que apresentaram boas produtividades associadas com baixo índice de murcha foliar, o que também foi verificado para a maioria das variáveis fisiológicas mensuradas, especialmente na relação A/gs, indicando que apresentam mecanismos de resistência à seca e bom potencial para plantios comerciais em áreas com restrição hídrica. O CCN 51 apresentou também maiores valores de Eficiência de carboxilação (A/Ci) nos dois regimes de irrigação, evidenciando assim maior plasticidade fisiológica e fenotípica. 

Apresentação dos resultados de testes com diferentes densidades ácaro predador/ácaro fitófago no controle biológico aplicado do ácaro rajado do mamoeiro

A indução natural do florescimento do abacaxizeiro resulta em frutificação desuniforme, frutos fora do padrão comercial e produção concentrada nos meses de setembro a dezembro. O projeto foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito do cloridrato de aviglicina (AVG) e do paclobutrazol (PBZ) na inibição da floração natural e na qualidade do abacaxi das cultivares Vitória e Pérola. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 3x3+1 (concentrações x períodos + testemunha adicional), para cada cultivar. O AVG foi aplicado a 100, 200 e 400 mg L-1 e em três períodos, com intervalo semanal (16 vezes de abril a julho; 12 vezes de maio a julho; 8 vezes de junho a julho). O PBZ foi avaliado a 75, 150 e 300 mg L-1 em três períodos, com intervalo quinzenal, sendo quatro aplicações em cada período (abril a maio; maio a junho; junho a julho). A floração foi avaliada semanalmente considerando a emergência da inflorescência e os frutos foram colhidos no estádio de maturação pintado. O experimento foi conduzido no Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica Extensão Rural, na Fazenda Experimental de Sooretama, localizada na microrregião Litoral Norte do Espírito Santo. O sistema de plantio foi em linhas duplas no espaçamento de 0,9 x 0,4 x 0,30 m, sob mulching preto e fertirrigação por gotejamento. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). Tanto o AVG quanto o PBZ inibiram a floração natural das cultivares do abacaxizeiro e o efeito foi proporcional ao aumento da concentração. A cultivar Pérola foi mais susceptível ao controle da floração natural com AVG, com maior período de inibição floral. Pulverizações mais tardias reduzem a eficiência de controle, porém, é possível inibir a floração em todos os períodos com o aumento da concentração do AVG. O controle da floração natural foi de 80% utilizando 100 mg L-1 de AVG aplicado semanalmente a partir de abril, estendendo-se por todo o período indutivo, sem afetar a massa dos frutos, que se manteve em torno de 1,2 Kg. A combinação entre o aumento na concentração e no número de aplicações de AVG, proporcionou maior inibição floral, porém, com efeitos fitotóxicos nas plantas e redução na massa da fruta. O PBZ reduziu o desenvolvimento vegetativo e a massa dos frutos quando aplicado em maiores concentrações e precocemente. A ‘Pérola’ foi menos responsiva ao efeito inibitório do PBZ no florescimento, principalmente em pulverizações tardias. O controle de 50% da floração de ‘Pérola’ e ‘Vitória’ pode ser efetuado utilizando 300 mg L-1 de PBZ aplicado de junho a julho, sem afetar a qualidade dos frutos. A floração da cultivar Vitória pode ser inibida em 80% com 75 mg L-1 do PBZ aplicado quinzenalmente, de maio a junho, sem afetar a massa dos frutos, porém, sem controle para a ‘Pérola’. Conclui-se que ambos os produtos podem ser utilizados no controle da floração natural do abacaxizeiro, desde que considerada a concentração, a cultivar e o período indutivo de cada região.

O projeto de Controle químico das doenças fúngicas do mamoeiro na pré-colheita, com reflexos diretos na pós-colheita e avaliação in vitro da resistência do Colletotrichum gloeosporioides aos fungicidas utilizados em campo, foi idealizado de maneira que possa proporcionar ao agricultor capixaba uma segurança no controle eficiente das doenças fungicas foliares do mamoeiro, com reflexos diretos na pós-colheita, garantindo assim uma comercialização segura da produção tanto para o mercado interno como para o mercado externos, uma vez que grande parte da produção é exportada para o mercado exterior. A determinação da existência de fungicidas com níveis de ineficiência ao fungo Colletotrichum gloeosporioides, permitirá que o mesmo seja retirado da pauta de uso nas lavouras de mamoeiro, assegurando assim o uso de produtos com eficiência comprovada cientificamente e também uma classificação dos melhores fungicidas a serem utilizados no controle de doenças do mamoeiro.

Em cacaueiros, poucos estudos foram feitos relacionado a quantificação do peco fisiológico de acordo com o sistema de cultivo empegado.  Este trabalho, objetivou-se determinar a ocorrência do peco fisiológico em genótipos de cacaueiro no sistema alternativo de cultivo (pleno sol) no Norte capixaba. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 10 tratamentos, quatro repetições e 14 plantas por parcela. As avaliações aconteceram nos meses de dezembro de 2020, janeiro e março de 2021, os frutos pecos foram retirados das plantas com o auxílio de uma tesoura de poda e quantificados numa planilha. Os dados foram submetidos a análise de variância para estimar: média e variância.  As médias foram agrupadas pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade. Os tratamentos tiveram uma grande diferença entre a médias de peco fisiológico, demonstrando diferentes respostas a estresse do cultivo a pleno sol. O tratamento T6 e T3 se destacaram pelo menor número de pecos fisiológico, podendo demonstrar uma maior resistência ao cultivo nessa condição. Já os tratamentos T10, T2 e T4 se destacam pelas maiores perdas por peco fisiológico nesses três meses de avaliações, podendo ser um indicativo de não adaptação para cultivo no sistema alternativo de cultivo a pleno sol.

A diminuição da eficiência dos produtos utilizados comercialmente no controle de fungos é um fator a ser considerado, uma vez que esse fato é associado ao aparecimento de microorganismos com níveis elevados de tolerância a esses produtos. Em função desse problema, torna-se necessário o desenvolvimento de novos produtos, possuindo espectro mais amplo e com menor impacto ambiental. A maior parte dos novos fungicidas com potencial para comercialização, desenvolvidos recentemente, é análoga de produtos já existentes, dentre eles os triazóis. Os triazóis são compostos heterocíclicos aromáticos nitrogenados de cinco membros, notavelmente estáveis de transformações metabólicas. Os “Inibidores de biossíntese de esteróis” constituem o maior e mais importante grupo de compostos já desenvolvidos para o controle de doenças fúngicas, sendo os triazóis os mais importantes. Desse modo, pretende-se com esse projeto sintetizar e avaliar o potencial da atividade fungicida de novos triazóis por meio de uma rota sintética simples, de fácil acesso e em apenas três etapas. Para isso o eugenol, uma substância aromática de origem natural, presente na composição química de óleos essenciais obtidos de plantas como: Eugenia caryophyllus, o “cravo-da-índia”; Dicipelium cariophyllatum, “o craveiro do Maranhão ou cravinho”; Ocimum gratissimum, a “alfavaca-cravo”; e o Croton zenhtneri, a “canela-de-cunha”, será usado como matéria prima. A escolha do eugenol deve-se ao fato de ser um composto natural e por apresentar vasta atividade biológica, dentre elas podemos destacar: antifúngica, antimicrobiana, inseticida, antiviral, anestésico, antioxidante e anti-inflamatório. Neste contexto, a presente proposta visa dar continuidade às pesquisas que temos realizado visando o desenvolvimento de novos compostos com potencial atividade fungicida (triazóis inéditos a partir do eugenol) e possibilitar a avaliação do efeito fungicida (in vitro e in vivo) no controle da antracnose do mamoeiro, uma importante cultura no Estado do Espírito Santo.

Projeto do edital PPEAGRO 06/2015 coordenado pela Profa. Patricia M. B. Fernandes

Palestra do PPE Agropecuária - Palestrante Mírian Piassi, Incaper - Área:Fruticultura.

Dentre as espécies nativas com potencial para produção em cativeiro estão o vermelho (Lutjanus sp.) e a tainha
(Mugil liza). Os estudos propostos objetivaram o desenvolvimento de rações a partir de informações dos
coeficientes de digestibilidade aparente (CDAs) de nutrientes e energia de alimentos convencionais e
alternativos, dos requerimentos de proteína-PD e energia-ED digestíveis, além da determinação da frequência
alimentar-FA e densidade de estocagem-DE ideais. Nos Estudos I e II foram coletadas amostras de fezes de
tainha e vermelho, respectivamente, que indicaram os CDAs da matéria seca, proteína, energia e aminoácidos
de oito alimentos e CDAs de lipídeos e energia de quatro fontes de óleo, através de método com marcador inerte
externo. Tainhas e, em menor escala, vermelhos, apresentaram bom aproveitamento de alimentos tanto de
origem animal quanto vegetal. Dentre os alimentos tradicionais avaliados, a farinha de peixe possui o melhor
aproveitamento, por tainhas e vermelhos. Dentre os alimentos alternativos avaliados, o hidrolisado proteico de
coprodutos de atum possui o melhor aproveitamento, por tainhas e vermelhos. No Estudo III estimou-se a
exigência de PD em 32,55% para um nível de 3000 kcal/kg de ED para juvenis de tainha com peso inicial de
19±0,72 g. No Estudo IV observou-se que o aumento na DE piora o crescimento individual de juvenis de tainha,
aumenta a concentração de glicose plasmática, embora não tenha efeito sobre a sobrevivência e a utilização do
alimento. Ainda, o aumento da FA (1 para 4/ dia) resulta em maior peso final e o ganho de peso médio.

Vídeo gravado na plataforma Zoom apresentando os resultados do Projeto de Pesquisa com Lutjanus jocu financiado pela FAPES através do PPEAGRO 06/2015 na área de aquicultura. 

O beijupirá é um peixe que apresenta uma necessidade por ácidos graxos poliinsaturados na sua dieta. Por possuir altos níveis desses nutrientes a farinha da alga microalga Schizochytrium sp. pode ser uma alternativa viável para inclusão em dietas comerciais.

Este estudo foi conduzido para determinar a influência de diversos parâmentros na sobrevivência e crescimento de juvenis de beijupirá (Rachycentron canadum) em um sistema de recirculação.

Para que um sistema de criação de peixes seja economicamente viável, é necessário que o pescado produzido tenha qualidade nutricional adequada e fácil aceitação pelo mercado consumidor. O objetivo desse trabalho foi o de avaliar a qualidade e aceitação do beijupirá produzido em tanque-rede em ambiente natural e em sistema de recirculação de água. Foram coletados dez peixes de cada sistema de criação (tanque-rede (Guarapari) e recirculação de água (IFES-Piúma), nos quais foram realizadas avaliações quanto à contaminação por micro-organismos patogênicos, quanto à qualidade nutricional do pescado (análise bromatológica) e quanto à palatabilidade do pescado produzido (testes de escala hedônica). Para as análises bromatológicas foram realizadas as análises de umidade, proteína total e percentagem de cinzas. Para as análises microbiológicas foram realizadas analises da presença de coliformes totais e termotolerantes, de Escherichia coli, de Staphylococcus aureus e de Salmonella spp. Para a análise sensorial, foi utilizado o método de aceitação por escala hedônica e teste de modelo pareado preferência. Um conjunto de 100 amostras foram preparadas (100 amostras de beijuprirá de cativeiro, 100 amostras de beijupirá de tanque rede e 100 amostras de badejo). As amostras foram oferecidas aos provadores, os quais expressaram seu grau de aversão. Nesse teste, uma escala hedônica de 5 pontos foi utilizada, com 5 representando a maior pontuação (gostei extremamente) e 1 a menor (desgostei extremamente). Os resultados dos testes bromatológicos apresentaram dados satisfatórios. Os resultados das amostras de beijupirá do sistema de cultivo de recirculação de agua foram: Umidade > 71,42%, Cinzas > 1,74%, Lipídios > 6,81%, Proteínas > 12,4%. Dentre as três amostras analisadas do sistema de cultivo de recirculação de agua, duas apresentaram coliformes totais e uma apresentou coliformes termotolerantes, porém em nenhuma das amostras foram encontradas cepas de E. coli. As bactérias Salmonella spp. e S. aureus estavam ausentes nas três amostras analisadas. Os resultados estão de acordo com o estabelecido na IN 60/2019 da ANVISA, que estabelece as listas de padrões microbiológicos para alimentos, e os peixes analisados foram considerados como seguros para o consumo. Os resultados obtidos para o teste de palatabilidade indica que não houve diferenças significativas para nenhuma das características avaliadas entre as amostras de beijupirá de sistema de tanque rede (BTR), sistema de recirculação de água (BSCA) e o badejo (B). Os valores médios obtidos para cada característica foram: Aparência: 6,9 (BTR), 7,2 (BSCA) E 7,2 (B); Aroma: 7,0 (BTR), 7,3 (BSCA) E 7,3 (B); Sabor: 7,6 (BTR), 7,6 (BSCA) E 7,7 (B) e Textura: 7,6 (BTR), 7,5 (BSCA) E 7,7 (B). Esses resultados são muito satisfatórios por dois motivos principais: 1) a aceitabilidade do beijupirá é igual a do badejo que é um dos peixes mais nobres no mercado brasileiro. 2) não há diferenças entre sistemas de criação de beijupirá na aceitabilidade desse peixe. Sendo assim, a entrada desse pescado no mercado nacional teria uma excelente aceitação na população pela sua qualidade nutricional, sanitária e de palatabilidade.

Agradecemos à FAPES pelos recursos financeiros concedidos.

No estado do Espírito Santo existem cerca de 40.000 famílias que vivem da agricultura familiar. A cultura do milho pode contribuir em grande escala para o aumento da geração de renda desses produtores rurais, entretanto a falta de água para irrigação das lavouras aliado a baixa incidência de chuvas é um fator limitante para a produção de milho. Neste contexto, o objetivo do presente projeto foi iniciar um programa de melhoramento genético de milho visando tolerância à seca, que atenda a demanda dos produtores rurais capixabas por cultivares produtivas em períodos de seca, possibilitando o aumento da sua renda e desenvolvimento sustentável de sua propriedade. Para tanto, foram avaliadas populações crioulas de milho, coletadas ao longo do Estado, juntamente com populações introduzidas de outras regiões do país, que já fazem parte do banco de germoplasma de milho do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Em seguida, as populações coletadas e introduzidas foram multiplicadas e posteriormente serão avaliadas no delineamento em blocos casualizados com cinco repetições, em dois locais, a saber, no Ifes Campus de Alegre, município de Alegre, na região Sul do Estado e no Ifes Campus Itapina, localizado no município de Colatina. Após estas etapas, dentre os diferentes materiais genéticos avaliados, foram selecionadas duas populações tolerantes à seca, que servirão de base genética para dar início a um programa de seleção recorrente recíproca assistida por marcadores moleculares ISSR (Sequências Internas Simples Repetidas), visando a produção de variedades tolerantes à seca, de polinização aberta, linhagens e híbridos interpopulacionais, visto que, com esse método é possível desenvolver esses diferentes tipos de cultivares. A seleção recorrente recíproca foi realizada nestas populações em quatro etapas: i) Obtenção das famílias de irmãos completos entre os genótipos das duas populações tolerantes à seca; ii) Avaliação das famílias de irmãos completos em delineamento em blocos casualizados arranjados em set, em dois ambientes, Ifes Campus de Alegre e Ifes Campus de Itapina; iii) Avaliação da divergência genética com base nos marcadores moleculares ISSR, e; iv) recombinação das famílias superiores. Desta forma, foram obtidas populações melhoradas de milho tolerantes à seca, bem como linhagens e híbridos superiores, beneficiando a agricultura familiar capixaba por meio da disponibilização de material genético de melhor qualidade, com maior produtividade em regiões mais secas e de menores custos de produção a este importante segmento do agronegócio.

Resultados do projeto realizado pelo Edital FAPES/SEAG nº 06/2015 PPE-AGRO

Resgate e avaliação de genótipos promissores de feijão e milho visando sua indicação para os agricultores familiares do Estado do Espírito Santo

 A floricultura vem se destacando nos últimos anos no Espírito Santo, advinda da grande e contínua demanda por produtos florísticos e ornamentais. Aliada a essa demanda, apresenta importância econômica e social para os produtores de base familiar. Contudo, faltam informações científicas voltadas ao manejo adequado em situações específicas. Neste sentido, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a produção de rosa e crisântemo, conduzidos sob diferentes telas de sombreamento fotoseletivas (coberturas), no interior de ambiente protegido (túnel alto e estufa agrícola), nas condições edafoclimáticas de Colatina, estado do Espírito Santo, região de abrangência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O experimento foi composto por quatro microambientes: sombrite vermelho; aluminet, sombrite preto e testemunha sem sombrite (pleno sol). Foram avaliadas as variáveis ambientais, ataques de pragas, nutrição, crescimento e qualidade da rosa e do crisântemo. 

Resultados do projeto realizado pelo Edital FAPES/SEAG nº 06/2015 PPE-AGRO

A produção de Callas é uma excelente opção de produção de flores coloridas para os agricultores de base familiar que querem diversificar seus cultivos. No entanto, não haviam relatos do cultivo de callas em condições climáticas no Estado do Espírito Santo. Diante disso, objetivou-se com este estudo avaliar o impacto do sombreamento e dos diferentes níveis da altitude na produção de flores de Callas do ES. Para tal, foram cultivadas callas em três níveis de altitude (900 m, 600 m e 100 m) e três níveis de sombreamento (Sem, Parcial e Integral). O delineamento experimental adotado foi o delineamento de blocos casualizado em esquema fatorial 3x3, com parcela subdivida no espaço, com 5 repetições. Efetuaram-se análises de altura de plantas, número de folhas e o número de hastes florais. Os dados foram submetidos à análise de variância p<0,05, e realizado o teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Conclui-se que as plantas cultivadas com sombreamento integral tiveram desenvolvimento melhor tanto em altura, quanto em número de folhas. Na época do ano e ciclo avaliados, as plantas não emitiram haste floral comercial para altitude de 100 metros.

A qualidade do café está diretamente relacionada às práticas agrícolas, origem geográfica e condições climáticas e de solo, espécies e cultivares. Os Sistemas Agroflorestais (SAF) são sistemas de cultivo que incorporam um componente florestal. Este sistema combinado constitui uma alternativa de gestão do solo para garantir a sustentabilidade baseada na eficiência e otimização dos recursos naturais na produção e maior diversidade de culturas do que os sistemas tradicionais, denominados de “pleno sol”, além de influenciar na qualidade dos cafés. Cinquenta amostras de café Robusta (Coffea canephora var robusta tropical) foram fornecidas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER). Oito amostras foram coletadas durante o cultivo sob luz solar direta (pleno sol e monocultura). As 42 amostras restantes foram coletadas em quatro parcelas sombreadas por espécies diferentes, a saber: 8 amostras, Ingá de metro (Inga edulis); 13 amostras, banana cv. Japira (Musa spp.); 10 amostras, Gliricidia (Gliricidia sepium); e 11 amostras, pupunha (Bactris gasipaes Kunth). Os cafés foram submetidos a análise sensorial, por seis provadores de café, todos certificados como Q-Graders, pois é a metodologia padrão para o controle da qualidade de cafés e os resultados foram comparados a espectrometria de massas com ionização por electrospray e ressonância de ciclotrônica de íons com transformada de Fourier (ESI(±)FT-ICR MS) e a espectroscopia de Infravermelho próximo portátil (microNIR) para propor novas metodologias analíticas para observar as características dos cafés Conilon cultivados em
SAFs. Modelos por análise de componente principal (PCA) foram construídos usando o software Matlab 7.0 (R2013a). As matrizes foram construídas com dados dos espectros de FT-ICR MS e MicroNIR. Todos os espectros microNIR foram inicialmente pré-processados usando a primeira derivada pelo algoritmo Savitzky – Golay. Notavelmente, o ácido coriônico (íon de m/z 295, um
metabólito do ácido linoléico) foi observado no espectro de ESI(-)FT-ICR MS de amostras de café, e este trabalho é o primeiro relato de sua presença em amostras de café. Modelos de PCA construídos com espectros de ESI-FT-ICR MS e microNIR mostraram diferenças na composição entre os cafés cultivados em diferentes SAF. A análise dos loadings do modelo PCA construído com
espectros de ESI(-)FT-ICR MS permitiu concluir que os compostos responsáveis por destacar a qualidade das amostras foram principalmente os ácidos clorogênicos. Os resultados do microNIR corroboraram com os dados de ESI(-)FT-ICR MS e a análise sensorial, por agrupamento dos cafés cultivados em SAF consorciados com Gliricidia sepium e Inga edulis. O acoplamento destas técnicas analíticas se mostra promissoras no controle de qualidade do café, apresentando vantagens como análises no ponto de coleta, velocidade e confiabilidade analítica.

O presente apresentação contém resultados de experimentos do café conilon em consórcios com ingá (CI), gliricídia (CG), bananeira (CB) e pupunha (CP) em relação ao cultivo solteiro (Cs), em sistema orgânico. O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Bananal do Norte, em Cachoeiro de Itapemirim, disposto em cinco talhões. Serão relatados resultados: 1) da maturação dos cafeeiros nos sistemas; 2) da avaliação da decomposição dos resíduos culturais e de podas, bem como a determinação dos nutrientes remanescentes utilizando-se litter cover por até 270 dias, em dois experimentos iniciados  em duas épocas (março e agosto), com 9 datas de coleta e três repeticções num delineamento inteiramente casualisado; 3) de análise econômica, na qual os indicadores econômicos considerados foram o custo operacional de produção e comercialização, a produtividade, a renda líquida operacional e o índice benefício/custo. O tempo médio de colheita do café no Cs foi aos 12,5 dias após o início da colheita, com CG aos 23 e CI aos 18 dias significativamente tardios. O CB aos 15,0 e CP aos 9,0 dias foram estatisticamente iguais ao Cs. A meia-vida do material  orgânico disponibilizado em agosto/2016 foi aos 65,6; 87,9; 108,6 e 207,1 dias. Sob ingá e gliricídia o cafeeiro tem comportamento mais tardio. Os sistemas com pupunha e bananeira são mais rentáveis e com relação benefício/custo positiva.

 O aproveitamento de resíduos do saneamento ambiental e resíduos sólidos urbanos como fontes alternativas para produção fertilizantes é uma tendência mundial, tendo em vista a iminente escassez de recursos naturais. Essa pesquisa objetivou o desenvolvimento de um fertilizante organo-mineral alternativo por meio da adição de estruvita (MgNH4PO4·6H2O) a um composto orgânico estabilizado. A estruvita foi obtida a partir da precipitação química da urina humana e o composto orgânico da compostagem de resíduos orgânicos alimentares juntamente com resíduos de podas e aparas de gramas. Foi produzido um supercomposto pela mistura de diferentes dosagens de estruvita com o composto orgânico. A avaliação da eficiência agronômica desse supercomposto foi feita no crescimento de plantas de milho. O supercomposto mostrou ser um eficiente fertilizante organomineral para o crescimento e ganho de massa seca em plantas de milho 

Na seleção de plantas a serem aplicadas em alimentos e cosméticos naturais deve ser considerada quanto à composição química, potencial antioxidante, ação antimicrobiana e toxicidade. Gliricidia sepium é uma espécie que produz grande quantidade de material vegetal e é cultivada em sistema agroflorestal. Lecythis pisonis Cambess é uma árvore neotropical nativa da Mata Amazônica e Atlântica, que tem se destacado por seu uso como fonte natural de nutrientes. Objetivou-se: i. validar a quantificação de polifenóis de 96 poços e analisar o teor de polifenóis em amostras congeladas de folhas e extratos de G. sepium; ii. analisar a composição fitoquímica por meio da técnica MALDI-MS; iii.  determinar a composição nutricional das nozes e arilos de L. pisonis e iv. analisar o extrato de pericarpo de L. pisonis em uma formulação totalmente natural. O teor de polifenóis e taninos foram quantificados aplicando Folin-Ciocateau e um aplicativo móvel (Photometrix®) como leitor. A correlação entre os ensaios analisados ​​foi realizada pela análise de Bland-Altman. A composição fitoquímica foi avaliada por meio da técnica MALDI-MS. Os ensaios de composição centesimal e a determinação dos valores dietéticos foram realizados usando métodos padrão. O extrato de pericarpo de L. pisonis foi incorporado em uma formulação totalmente natural. As características físico-químicas e organolépticas e os testes de desafio foram avaliados antes e depois do teste de estabilidade da formulação cosmética. O congelamento e novo método de quantificação demonstraram que o método da microplaca é uma alternativa viável desde que correlacionado ao método validado utilizado, considerando sensibilidade e acurácia. O processo de congelamento não afeta a quantidade de taninos na amostra e atua como uma proteção para manter o fenólico total ao longo de dois anos de armazenamento dependendo do tipo de amostra. Na análise fitoquímica das folhas de G. sepium, não foram observados número elevado de polifenóis totais ou taninos, e o extrato metanólico apresentou maior teor de flavonóides. O o canferol e a isoramnetina têm potencial aplicabilidade para uso cosmético. Todos os extratos não apresentaram alta atividade antioxidante ou ação antimicrobiana. Os lipídios variaram entre 40,93 ± 2,41 até 44,94 ± 4,96%, e as proteínas variaram entre 14,40 ± 0,25 até 17,12 ± 1,58% sendo os principais componentes da amêndoa. O alto teor de cinzas sugeriu que quantidades significativas de minerais nas nozes variaram de 4,92 ± 0,09 a 5,17 ± 0,20%. Os arilos são geralmente descartados, mas têm potencial de uso como fonte de nutrientes para a dieta humana com teor de carboidratos variando de 3,8 ± 1,911 a 13,47 ± 3,43% e valor nutricional variando de 64,98 ± 2,41 a 142,43 kcal.100g-1. A instabilidade da formulação aumentou com o aumento da concentração do extrato. Os parâmetros físico-químicos e organolépticos não apresentaram alterações após o teste de estabilidade. O extrato do pericarpo externo de L. pisonis parece ser compatível com a formulação em creme. É possível sugerir o uso de seus extratos como matéria-prima cosmética. Porém, um estudo mais complexo da composição química e do conteúdo é necessário para propor sua melhor aplicabilidade cosmética.  

Obtenção, Caracterização e Seleção de Materiais de milho para sistemas de cultivo agroecológicos

Árvores podem proporcionar diversos benefícios em cultivos de café, mas também podem influenciar no volume e na distribuição da água da chuva que chega ao solo. Neste estudo comparamos a interceptação da água da chuva pela copa das plantas de Gliricidia sepium, Musa sp cv. Vitória e Inga edulis em parcelas de café conilon. Foram medidas a chuva incidente (estação automática), a chuva que passou pelos ramos (pluviômetros) e a que escorreu pelos troncos (coletores) em 4 plantas de cada espécie no período de julho 2017 a julho 2018. A chuva interceptada pela copa das árvores foi estimada por meio da equação:  Interceptação = chuva incidente – (chuva que passou pelos ramos + chuva que escorreu pelos troncos). O cálculo na escala de parcela foi com base na densidade de plantas. A perda de água por interceptação variou com as espécies usadas no sombreamento. Plantas de I. edulis interceptaram 22,7 % da chuva, enquanto G. sepium e Musa sp interceptaram 16,4 % e 9,8 %, respectivamente, no período de estudo. A interceptação foi influenciada pelas características e manejo das plantas e foi 41 % menor em G. sepium depois da poda. A interceptação foi 25 % maior na época chuvosa.

A recuperação de nutrientes (nitrogênio e fósforo) da urina humana através da cristalização de estruvita (NH₄MgPO₄.6H₂O) é uma prática em expansão no mundo. A otimização do processo de cristalização foi estudada em escala de laboratório, objetivando maximizar a recuperação de N e de P com o mínimo aporte de Magnésio. Foram realizados testes laboratoriais de cristalização em jar test e a caracterização dos cristais precipitados via difração de raio-X (DRX). Os resultados indicaram uma remoção de fósforo de 96% e de nitrogênio de 39% da urina humana, o que gerou precipitados com 77% de pureza de estruvita. Os cristais de estruvita apresentarem baixa contaminação com fármacos excretados na urina, indicando que a cristalização reduz o risco de contaminação de alimentos cultivados com estes nutrientes reciclados. A utilização de salmoura como fonte alternativa e de baixo custo de Mg resultou em cristais com elevada concentração de estruvita. Finalmente, o estudo sobre a percepção de risco e da aceitabilidade de pequenos agricultores familiares do  município  de  Domingos  Martins (ES)  indicou que poucos dentre eles  acreditam  que  a  utilização  da  urina  humana  na  agricultura  apresenta  riscos  à  saúde de humanos e de animais.  

 Durante o último século e início do século XXI, o mundo se fez dependente de energia de fontes não renováveis, para o meio rural a alternativa que se mostrou promissora foi a utilização de biodigestores para a produção do biogás a partir de matéria orgânica em fermentação mediante a ação de bactérias metanogênicas anaeróbias presentes naturalmente nos escrementos de animais, criou-se neste experimento um biodigestor portátil para aproveitamento de biogás e biofertilizante proveniente de dejetos bovinos, gerando um destino correto para os escrementos, o que minimiza a contaminação ambiental e evita a emissão, para a atmosfera dos principais gases poluidores. Objetivou-se dimensionar um sistema biodigestor portátil que seja mais acessível a um pequeno produtor rural e montado a partir de materiais de baixo custo. O biodigestor foi instalado na fazenda experimental CRIMÉIA/MULTIVIX CASTELO, no município de Castelo no estado do Espírito Santo, Para a montagem do biodigestor faz-se necessário a utilização de bombonas plásticas 200, 120 e 20 litros cada, flanges, registros esfera, adaptadores externo rosca interna, mangueira, abraçadeiras, válvulas anti- retorno de gás e mourões de eucalipto tratado. Duas bombonas de 200 L compuseram a câmara de anaerobiose, esta possui a função de armazenamento de matéria orgânica em decomposição, nestas bombonas com o auxílio de uma furadeira foram feitos 2 furos de 2” (duas polegadas) em cada para a conexão de 1 flange de 2”  em cada, permitindo desta forma a passagem da matéria orgânica líquida, que são os dejetos bovinos homogeneizados com água na proporção de 1:1. As outras duas bombonas de 200 L ficaram sem tampa e serviram de armazenamento de água, pois dentro destas foram colocadas duas bombonas de 120 L sem tampa e com sua abertura para baixo, servindo as mesmas como câmara de armazenamento de biogás (gasômetro), onde foi possível armazená-lo sobre pressão. Como forma de conduzir o biogás da câmera de anaerobiose para a câmera de armazenamento foi utilizado mangueira de ½” com uma válvula anti-retorno de gás.Todo o biogás armazenado na câmara é conduzido a uma câmera de purificação do biogás, esta câmera foi montada com uma bobona de 20 litros, contendo 2 litros de água misturada com óxido de cálcio (CaO). O custo total da montagem do biodigestor foi de R$ 1.260,00, Obtivemos uma produção satisfatória de biofertilizante e biogás após decorridos 20 dias do processo fermentativo, essa produção aumentou até 40 dias após o abastecimento e em seguida começou a declinar, fazendo-se necessária um novo abastecimento das bombonas de fermentação anaeróbia e retirada do biofertilizante. O Biodigestor Portátil para aproveitamento de biogás e biofertilizante proveniente de dejetos bovinos mostrou-se ser uma biotecnologia eficiente desta forma o Biodigestor Portátil passa a ser uma contribuição tecnológica e inovadora para ajudar a resolver parte dos problemas do Estado do ES no que diz respeito ao manejo dos dejetos gerados na bovinocultura.  

 

PALAVRAS-CHAVE: Biodigestor, Biofertilizante, Biogás, Bovinos, Metano.

Apresentação dos resultados de projeto